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Canção I

Falo de coisas que retornam
como as tardes de primavera,
depois as chuvas de verão;
falo de barcos que regressam,
falo do sim, falo do não.

Falo de coisas que retornam
como as flores na primavera
ou as aves de arribação.
Falo do gosto dos teus beijos,
da minha febre em noites mornas,
de saudades doendo em vão.

Falo de coisas que apetecem:
cheiro de doce na panela,
cheiro de fruta na estação,
vozes de rolas nos beirais,
dos meus seios nas tuas mãos.
Cheiro de fruta no quintal,
cheiro de chuva no jardim,
falo de coisas que maltratam,
falo do não, falo do sim.

Barcos que partem, barcos que voltam,
longes nas velas, luzes no cais,
vôo de pombas nas tardes mortas,
falo de uns lábios buscando os meus
e, entre tantas coisas que retornam,
falo desse adeus depois da volta,
falo da volta, depois do adeus.


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