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Eis a chave

Eis a chave
dos nossos reinos perdidos.
Quem escuta atrás da porta,
quem sussurra, quem suspira?
Eis a chave.

Eis a chave
dos nossos desertos,
de corredores vazios,
de portões rangendo abertos.

Eis a chave, o passe, a senha
para reinos muito antigos,
para planetas alheios
girando pelo universo
sem humano compromisso.

A chave que leva ao rosto
dessas mulheres de outrora,
que nos olham das paredes
dentro e negras molduras,
os vestidos afogados
da viuvez prematura,
os amantes escondidos
em veludos de recato,
sob chapéus, véus e fumos.
Eis a chave.
Cofres de anéis e de cartas,
os grandes olhos abertos,
febres, angústias, vigílias,
os desgovernos humanos
pelos caminhos desertos.

Eis a chave,
a senha, o rosto,
eis o amigo e o inimigo.
Segredos de fechaduras
perdidas.


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