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O poeta

Ia repartindo as palavras com o bisturi,
fisgava uma com o garfo de ouro,
mordeu-a entre língua e dentes.
Passavam as ideias,
o sono com sua cabeleira de alga,
a tarde caía, doce,
o peixe nadava solto na onda.
Repartia novas palavras,
pesava uma, comparava com outras.
As estações passavam sobre sua fronte curva,
muito altas passavam, em dourado e névoa,
poente, chuvas, ventos e nevadas.
E ele continuava o meticuloso exercício.


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