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Queria compor um poema

Para Carlos Drummond de Andrade


Queria compor um poema
que, irmão do fogo e do vinho,
tivesse leveza de pluma
dizendo ternura de ninho;
que sendo arraigado nas veias,
contasse cegueiras de bruma,
captasse um mistério de sonho
em pedra caída da Lua.
E que gravitasse no espaço
onde se compõem geometrias.
Mas que fosse antes de tudo

exato e despojado como um número.


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