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Maria tem muitas caixinhas.
Numa guarda raiva,
noutra guarda amor.
Na terceira, uns restos de bondade,
notícias de caridade cristã.
Quem abrir a quarta perceberá
resíduos de rubor facial
diante de galanteios,
e da quinta quase transbordam
reservas imensas de pancadaria.
Mas na caixa mais bonita,
toda forrada de cetim,
Maria guarda o dinheirinho
pra ir à matinê no domingo.


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