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Na esquina da Noite com o Dia

Na esquina da Noite com o Dia,
andava – perdi meu passo,
cantava – perdi o compasso,
e hoje em pedra transmutada,
em rua de espera e sombra,
aguardo o fluir do sonho.

Não posso cantar agora
o que cantar eu queria.
Nem mesmo chorar eu posso,
de encontro a negras muralhas
cresce o meu pranto sombrio,
pois o instante está suspenso
como brancas mãos de estátua
ou como barca parada
na crista da vaga imensa. 

Preciso esperar um dia
que gere ritmo de canto,
ou esperar pela noite
que possa acolher meu pranto,
transformar em morna lágrima
esse mar de indiferença.

Na esquina da Noite com o Dia
– na esquina da face perdida,
parei. 

Deixei um anjo suspenso.


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