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Os meus fantasmas ninguém viu

Os meus fantasmas ninguém viu,
ninguém viu minha cidade
quando ela brilhou de noite
no promontório.

Os meus fantasmas ninguém viu,
ninguém viu erguer-se a onda
e tragar minha cidade
de noite, no promontório.

E acordamos com esse rosto devastado,
estreitamos ao peito tantos afogamentos.
E se perdemos Atlântidas,
se as Pompeias jazem soterradas,
meus afogados ninguém viu,
ninguém viu minha cidade,
os afrescos com dançarinas,
guirlandas, frutos, andorinhas.
E muitos anos de lenda terão passado
antes que se saiba da onda amarga.

Ao meio-dia a vida é sol e feira na praça
E já meu coração se fechou em calado açude.


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