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Sempre

As badaladas do relógio na casa deserta.
A manhã despontando na sala onde foi o velório.
A primeira menstruação escorrendo entre as pernas.

Nunca mais é o que se recebe de olhos abertos
e que o pescoço mal sustenta sem se vergar.
No hospital o leito ficou mais branco, esticado, vazio.
Os vinte anos ficaram para trás
junto com tudo o que não foi
e que acalentamos como ainda-sonhos
lado a lado com o que somos de real.

E essa despedida diária
de nós mesmos.


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