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Dia qualquer

Não é preciso um grande amor
para se compor um poema.
Os pratos no escorredor,
a gota d’água,
os talheres sobre a pia.
A luz recuada no fundo da sala
por trás das cortinas.
O silêncio agarrado ao tique-taque do relógio
no fundo da tarde.
A vida girando imensa.
A alegria no açucareiro.

Mais tarde a lua subiu vermelha e sobrenatural.


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