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Escola de medicina - Salvador

Entre as ladeiras de pedra,
olhai o solar antigo:
o tempo escorreu seus dedos
por sobre o musgo dos muros,
colocou o seu casulo
nas órbitas das estátuas
cegas às asas futuras.
Pelas paredes das casas
traçou seu mapa de rugas,
olhai o solar e vede:
horas derrubando vigas,
horas trincando paredes,
pondo franjados de avencas
pelo bronze das estátuas,
entre tijolos e telhas;
trazendo a morte na vida
que explode por entre as pedras
nos leques das samambaias,
nas raízes de figueiras.
E chuvas pelas vidraças
baças de vento e poeira.
Rastejando nas ladeiras,
olhai a sombra dos homens,
olhai para nós e vede:
ficamos como as estátuas
cheios de limo por fora,
de líquens pelos cabelos,
e trazemos sobre os olhos
esse franjado de avencas,
essas flores entre os dedos.
Ficamos assim calados,
a chuva apagando os traços,
as pupilas desbotadas
gastas de dor e de tempo;
cheios de musgo por fora,
de morte e espanto por dentro.


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