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O Banho

Para Rafael e Bernardo


Quanto chegavam perto da porta – antes mesmo da mãe tocar a campainha -  o menino antevia a banheira- grande arredondada de macia, azul escuro, da cor das florezinhas dos azulejos,  tudo muito diferente do banheiro da sua casa

Então vinham os abraços, como vai, tudo bem, como passaram a noite, e então o menino recebeu um beijo da bisavó, limpou o beijo com as costas da mão e trouxeram logo brinquedos, muitos,  que ficavam guardados naquela casa só para ele.

Primeiro ele brincou um pouco, andou de gatinhas buzinando o carrinho, e a lembrança de banheira só crescia por dentro,  enchendo o peito de ar, mas disfarçada, ia brincar primeiro.

Então pegou os fantoches, chapeuzinho vermelho e o lobo, a família de pai, mãe, filha e filho grandes, mais o bebê de fraldas, e os avós de cabelos brancos, vovó Bela e vovê Fumi, a avó de verdade abria o palco amarelo e eles  representavam:

Vovó mostrava que só o bebê usava fradas mas ele teimava  que não: - Os meninos grandes também usam faldas, só os adultos não usam,  e dava uns tapinhas asseguradores e apalpava as suas, ele que ainda as usava.

E a dinda, só de brincadeira: Você veio com a sua vovó Bela? e ele  agora zangado:

– Nãããão! Eu vim com a minha vó Eliza  Esse nome é só da avó fantoste: vovó Bela e vovô Fumi são só os fantostes.  E a dinda ria.

Então ele pegava o Boneco Bruno e a Boneca Luiza, o Boneco Bruno estava com febre e ia na dotoua Simone e a doutora Simone prescrevia xarope para febre, o moranguinho, o Boneco  não queria tomar e respondia:- Já estou tomando cetiiizina ! e a dotoura Simone explicava: -  Mas   Cetirizina não é para febre, é só para nariz entupido. 

– Pa  febe só xaópe  ou supositóio?, tem que escolher? o boneco Bruno não queria supositório, então ia tomar o xarope de moranguinho.

– O Boneco Buno  fica estessado mas toma tudinho, prometia à mãe e à doutora Simone.

O menino fabulava, se distraía com os  pensamentos dos bonecos , e então vinha de novo a ideia redonda de tão boa, de novo era a banheira azul marinho macia, de louça lisa,  cheia de água morna e funda, com o barco de papel que a avó fazia

Mas avó lembrou:

– Vamos desenhar um pouco. E já estava com o bloco na mesa, mais os lápis de cor, quando os menino esfregou as mãozinhas na camisa e agora disse:

– Acho que eu estou um pouco sujinho.

E a avó com um sorriso de flor nos lábios e uma folha de papel na mão:

– Então vamos preparar um bom banho!  Bateu palmas. - Com um bom barquinho! Enquanto a mãe dizia -  Meu filho, você já vai dar trabalho para sua avó?.

Ele: - Mas eu estou um pouco sujo. E lá foi para o banheiro, um reizinho todo emproado de feliz, saltitando atrás da avó em direção ao trono de água funda mornazul,  com barquinho e nuvens por cima. O reflético do barco nas ondas. E a gaivota que entrou pela janela.

POSTADO EM 19 DE JULHO
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